teu olhar incendiou o meu!
numa dessas ocasiões de absoluto silêncio
em que todos os sentidos
estavam adormecidos
esquecidos num canto qualquer da vida
no meio da apatia
inexpressiva existência
e decidida abstinência
por um descuido dos deuses
ouviu-se
um farfalhar de folhas
uma nota musical
um cheiro de alecrim no ar
o olhar arqueou-se mais à esquerda
e foi assaltada por um observar atento
e naquele voo rasante
descuidaram-se por um instante
e o sol de fim de tarde
pela réstia da íris
poisou no horizonte
e quando a brisa do ocaso
por obra do acaso
espalhou essa fagulha de luz
no átimo desse encontro
dessa vida em movimento
da expansão desse mistério
em transição comovente
é que perceberam
essa suave presença
e promulgaram
essa inesperada e doce sentença:
teu olhar incendiou o meu!
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